Todo mês de Fevereiro é temporada de mobilidade em Barcelona, cidade que sediou pela quinta vez o Mobile World Congress, principal feira de mobilidade do mundo. Como sempre, estavam presentes ao evento as principais operadoras de telefonia, fabricantes de aparelhos, provedores de soluões tecnológicas e toda sorte de empresas ligadas ao mercado móvel.
Dentre os diversos anúncios feitos durante o evento, um chamou especial atenção: 24 operadoras se uniram para criar uma plataforma internacional aberta de desenvolvimento de aplicativos, movimento que eles chamaram de Wholesale Applications Community”. Trata-se uma clara resposta ao modelo revolucionário criado pela Apple há quase 2 anos.
Os números da Apple App Store são impressionantes com seus bilhões de downloads de aplicativos e milhares de desenvolvedores espalhados por todo mundo. É em busca desse modelo de sucesso que correm agora as operadoras. No entanto, a fórmula de sucesso (ou encanto, se preferir) da Apple está apoiada em 3 pontos muito simples e ao mesmo tempo extremamente complexos de serem batidos: (1) um único device, (2) estímulo à cadeia de desenvolvedores e (3) fácil acesso do usuário final.
Para a associação de operadoras, os desafios são enormes. Para começar, trata-se da união de operadoras até então concorrentes, que terão de adotar um mínimo padrão tecnológico. O desenvolvimento para diversos e diferentes aparelhos é uma grande barreira para amealhar uma multidão de desenvolvedores. Por fim, ainda não se criou uma interface (web e mobile) tão simples como a loja de aplicativos da Apple.
Contudo, esse é um sinal cristalino de que as operadoras vêem nos aplicativos um mercado explosivo nos próximos anos, tornando-se provavelmente a principal linha de receita vinda dos famosos SVAs (Seviços de Valor Adicionado – ou tudo o que não é voz).
Para agências e anunciantes, prenuncia-se uma era com consumidores mais habituados a baixar aplicativos. Afinal, haverá um caminho mais facilitado para desenvolvimento e distribuição. Com isso, abre-se espaço para uma experiência de marca muito mais profundo no ambiente mobile, indo muito além de outras tecnologias hoje correntes, como SMS, Bluetooth ou até mesmo internet móvel.
Por fim, para dar maior graça ao anúncio anti-Apple, a GSMA (associação que organiza o evento) decidiu premiar Steve Jobs como “Mobile Personality of The Year”. Curiosamente, o prêmio de melhor aparelho foi para o HTC Hero (e não para o iPhone!), que roda o sistema operacional Android do Google, o mais novo arqui-rival da Apple.
Pois é, o mundo da mobilidade não está nada fácil de entender.
PS: Prometo diversos posts com a cobertura da MWC 10 ao longo dessa semana.
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