Matéria do Propmark.
Escrevo do Mobile World Congress (MWC), em Barcelona. Para quem não conhece, é o principal evento da indústria mobile. De dimensão global, este ano reuniu 50 mil pessoas e centenas de exibidores. Seu crescimento acompanha o próprio mercado e, como era de se esperar, é até o momento a maior edição. No evento podemos ter uma visão geral do que está acontecendo e para onde vamos. Vou compartilhar o que vi, gostei e acho importante para o nosso segmento específico da publicidade e marketing.
Android Everywhere
#meuecossistemaemelhorqueoseuecossistema. A união Nokia/Microsoft chamou a atenção para o que os mais atentos já sabiam: a sobrevivência no mercado depende da força de seu ecossistema. A Apple criou o padrão e seus resultados provam o sucesso da estratégia. O principal ecossistema do mercado é, contudo, o criado pelo Google com o sistema operacional Android. Bastante integrado, no evento isso se torna tangível pela presença do robô símbolo do Android nos estandes de fabricantes, operadoras, desenvolvedores de softwares e hardware. A sensação é de que há uma união da indústria em torno de Android, e este parece cada vez mais próximo de emular o ecossistema da era PC, baseado na união Windows e Intel. Se seu conteúdo e/ou serviço ainda não está disponível em celulares Android, deveria.
Tablets, superphones x nanophones
Aparentemente todos estão sofrendo de “ansiedade pelo tablet” e em todos os estandes de fabricantes há um para demonstração. Alguns claramente protótipos que não estão prontos para o mercado. Outros que fazem você querer um imediatamente. Por trás, o sistema operacional Android em quase todos.
A aposta nos tablets não é sem motivo. Os dispositivos atravessaram o abismo para o mainstream rapidamente e a indústria de serviços e conteúdo está estruturando sua presença nestes com velocidade ainda maior. E agora começam a surgir os superphones. Maiores que os smartphones e menores que os tablets – telas de 4,3” e 5” – entendo que este seja o caminho dos smart-phones high-end.
No caminho contrário há os “nano” smartphones. Com menos recursos de interface, mas a mesma capacidade de processamento e armazenagem, esses dispositivos se baseiam na integração de aplicativos e cloud computing para seu desempenho. A tendência iniciada com o Mini XPeria foi seguida pela Samsung, HP/Palm, e, segundo rumores, vem aí o iPhone Nano. Eles serão, provavelmente, cada vez mais populares, repetindo o ciclo inicial do celular.
E há também os smartphones “sob medida”. A INQ (empresa inglesa) apresentou seu “Facebook phone”, assim como a HTC (O ChaCha e o Salsa). O celular da INQ seria praticamente o equivalente ao browser RockMelt. E vá ao estande da NTT Docomo (operadora japonesa) para descobrir um celular para cada objetivo e serviço.
3D e NFC
Estas duas tecnologias começam a aparecer com mais ênfase nos smartphones. NFC já vem integrado aos Androids mais recentes. A Blackberry anunciou que seus smartphones virão com NFC. E, segundo rumores, também o iPhone 5.
NFC significa near-field communication, sendo exatamente isto: uma tecnologia de transmissão em curtas distâncias. No evento vários serviços foram demonstrados com NFC. Do uso como meio de pagamento à integração com automóveis, a ferramenta de cupons e fidelidade certamente será parte de nosso cotidiano em pouco tempo.
Já o 3D está presente com foco no entretenimento. A LG lançou um celular 3D, onde você pode jogar e ver vídeos sem o uso dos óculos especiais. Eu testei, funciona bem, mas assim como as TVs, não estou certo se o 3D no celular será um sucesso comercial. De todo modo, já impressiona ver, por exemplo, telas de toque em 3D.
Serviços, serviços, serviços
A evolução dos dispositivos e as novas tecnologias habilitam todas as empresas a estenderem seus serviços nos celulares como complemento natural de sua oferta. Os serviços são a camada visível e estão se tornando a grande vantagem competitiva entre dispositivos, sendo definidores da compra. Não à toa, nos estandes da Blackberry e Android, grande parte de seu espaço é dedicado à exposição dos parceiros de desenvolvimento e serviços.
Alguém tem que pagar a conta
A diversidade e variedade de serviços e conteúdos é imensa, mas a criatividade aplicada às inovações e produtos não se repetiu nos modelos de negócio. Grande parte destes espera gerar receitas a partir da publicidade. Para atender a demanda, a quantidade de plataformas e redes de mobile advertising é opressiva. Alguém vai ficar sem ter como pagar a conta.
Se a publicidade é um caminho, o outro mais comum é a venda direta ao consumidor. Para tanto, há os intermediários – as App Stores. E essas também não faltam. De todas, a WAC (Wholesale Applications Community) – inicialmente um consórcio entre as grandes operadoras em nível mundial – é a mais relevante. A WAC é a “loja das operadoras” e, ao basear o desenvolvimento em HTML5, a ideia é de que será capaz de atingir mais pessoas, com menor complexidade.
E se pararmos com o mobile?
Mobile não é pauta de tecnologia apenas. É de negócios e de comportamento. Integra-se cada vez mais ao cotidiano de todos. Todas as grandes empresas estão estruturando sua presença no canal. Essa pergunta agora reflete a dúvida de nosso mercado: quando o investimento em publicidade e marketing no celular irá acompanhar a dimensão do mercado mobile de um modo geral? Pareceu-me que aqui o investimento publicitário está se direcionando fortemente para o canal. Espero que estejamos também atentos e, gradualmente, vejamos o crescimento do investimento no Brasil, pois o potencial é enorme.
Terence Reis - sócio-diretor de operações da Pontomobi
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Muito bom mesmo o post.
Eu particularmente estou ansioso pelo lançamento do Xperia Play no Brasil. Embora ele provavelmente terá um preço "salgado" mas vai unir de vez a função de Smarthphone com Game Portátil.
Será que com estes superphones e tablets teremos uma estremecida no mercado de notebooks? São praticamente computadores portáteis com muito mais facilidades e preço muito aproximado :)
Posted by: Account Deleted | 16 março 2011 at 11:16