Lendo a matéria publicada no jornal Valor, achei importante ponderar alguns dos argumentos apresentados por um dos entrevistados que apontou como impeditivos para o avanço do mobile commerce "o acesso dos consumidores à banda larga móvel de boa qualidade e à nova geração de smartphones", "maior disseminação de aplicativos específicos de mobile-commerce" e "o preço de pacote de dados móvel e a dos smartphones".
Concordo que é fato que m-commerce ainda dá seus primeiros passos no Brasil. No entanto, há que se ponderar os tais "impeditivos". Afinal, há hoje no Brasil 15 milhões de celulares com acesso 3G, 22 milhões de smartphones e planos de acesso à web móvel a partir de R$ 0,50 por dia. Números inquestionavelmente consistentes.
Há 10 anos, quando se iniciava o e-commerce, tínhamos menos de 8 milhões de internautas com acesso discado e hoje temos 19 milhões de e-consumidores que movimentarão R$ 13,5 bilhões.
Na minha opinião, é prudente comprar os dois marcos-zero de cada mercado. Em mobilidade, parte-se de uma base instalada muito maior, mais mobinautas e uma cultura de compra digital. Logo, potencialmente m-commerce é algo poderosíssimo.
No entanto, a sensação final de quem lê a matéria não é exatamente essa. É a velha estória de se enxergar o copo meio-cheio ou meio-vazio.
Segue matéria do Valor:
No Brasil ainda se utiliza pouco o dispositivo móvel
O mobile commerce, vendas virtuais com a utilização de dispositivos móveis, como celulares, smartphones, tablets etc, ainda não pegou no Brasil. Mas ensaia passos realmente concretos nessa direção. Depois de fazer sua primeira experiência com equipamentos baseados no sistema operacional Windows Mobile, da Microsoft, em maio deste ano, o Grupo Pão de Açúcar ampliou sua aposta: lançou em setembro o serviço de compras virtuais Pão de Açúcar Delivery em diversas plataformas móveis, como Android, IPhone, IPod touch e IPad.
"Nosso objetivo, além de tornar as compras das pessoas mais fáceis, práticas e convenientes, é alavancar as vendas através da plataforma móvel, para que, no futuro, esse modelo tenha uma participação relevante dentro do canal de vendas por internet", diz João Edson Gravata, diretor de operações do Grupo Pão de Açúcar. Segundo ele, o volume de negócios é muito pequeno, mas a ideia é levar aos clientes uma mensagem de permanente atualização tecnológica. "Queremos transmitir a compreensão plena de uma marca que está sempre junto do cliente, onde ele estiver", diz Gravata.
O aplicativo multiplataforma do Pão de Açúcar Delivery foi desenvolvido pela Pontomobi, produtora de mobile marketing. Segundo Léo Xavier, diretor-geral da empresa, uma tendência está próxima de se efetivar: à medida que o celular se torna cada vez mais um dispositivo de acesso à internet, é natural que o mesmo seja mais utilizado para a realização de compras virtuais. "Hoje, são mais de 20 milhões de consumidores na web, mais de 190 milhões de celulares, mais de 12 milhões de smartphone, aparelhos mais avançados com banda larga em alta velocidade. Ou seja, o consumidor educado pelo comércio eletrônico está pronto para fazer suas compras num canal digital móvel."
Para a Alcatel-Lucent, uma das principais fabricantes de dispositivos móveis, um dos maiores obstáculos é o acesso dos consumidores à banda larga móvel de boa qualidade e à nova geração de smartphones, principalmente os que oferecem melhor experiência ao usuário como modelos do tipo touch screen (como o iPhone). "Além disso, falta uma maior disseminação de aplicativos específicos de mobile-commerce para esses dispositivos, que também podem melhorar muito a experiência do usuário para realizar compras com determinados fornecedores on-line", diz William Marques, gerente comercial do application software group da Alcatel-Lucent.
Outro impeditivo, segundo ele, é o preço de pacote de dados móvel e a dos smartphones para que seja possível oferecer uma boa experiência ao m-commerce a todas as classes sociais, ou seja, a popularização da banda larga móvel e seus dispositivos. "Mas já podemos observar que caminhamos nesta direção, é apenas uma questão de tempo."
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