Eu queria dizer que acho a imagem do "walled garden" péssima. Se eu estivesse em um jardim mesmo, eu acho que isto ainda seria ótimo. Afinal de contas, tendo um bom tamanho, plantas interessantes e locais agradáveis, seria um bom ponto de partida. Com o aprendizado, progressivamente as pessoas se sentiriam aptas a buscar o que está fora do jardim. Isso é mais ou menos o que se passou com a internet.
Só que no celular, nós estamos muito longe de estarmos em um jardim. Nós estamos é em um quarto mínimo, sem iluminação, uma cama de palha e vivendo a pão e água. Como Kaspar Hauser! (Eu sempre quis usar essa imagem :-))
Para quem não sabe, Kaspar Hauser era um camponês alemão que foi encontrado nas ruas de Nuremberg. Não sabia se expressar e tinha o desenvolvimento mental retardado. Descobriu-se que tinha sido mantido preso em um quarto pelos primeiros dez a doze anos de sua vida, tendo contato eventual com apenas um homem, que não mostrava sua face. Com este aprendeu o pouco vocabulário que tinha.
Kaspar Hauser foi morto por um estranho, por motivo desconhecido, cinco anos depois de ter sido encontrado.
Sinceramente, até nessa hora a imagem serve. E, logo após sairem do quarto e começarem a conhecer o mundo - sem muito jeito com aquele novo meio, foram assassinados por contas extorsivas no final do mês. O motivo delas serem extorsivas permanece um mistério.
Werner Herzog fez um bom filme, a propósito: "O Enigma de Kaspar Hauser".
Oi Rudolf, as referências não sairam do nada. Fica a correção - e, claro, vale dizer que não se sabia que este era herdeiro da nobreza de Baden qdo o encontraram (e se não me engano, esta é suspeita, não certeza).
Posted by: Terence | 21 agosto 2007 at 13:22
Sugiro apenas assistir o filme antes de fazer referencias erradas...
Kasper nao era um pobre campones e sim herdeiro da nobreza de Baden (pequena diferenca).
Mas independente disso concordo com sua revolta.
Posted by: Rudolf | 21 agosto 2007 at 10:22
Um paralelo improvável, mas que vem muito a calhar.
O mercado de serviços com verdadeira interação (além de falar) com o celular está restrito a uma casta que pode pagar mais 150 reais na linha além de no mínimo 50 reais adicionais pelo acesso à internet. Aparelhos que têm mais tecnologia estão vetados aos pré-pagos. Aí quem realmente poderia ser criativo com a tecnologia, não usa.
Coisas de um país que prefere manter alte tecnologia como nicho de mercado a ser explorado com valores exorbitantes. Estamos fadados a morrer como kaspar.
Posted by: Fabricio | 03 julho 2007 at 11:10